
EXPOSIÇÃO “um mundo só: fotografias de Derek Charlwood” (26.09.2025 a 04.01.2026)
A exposição “um só mundo” convida o público a mergulhar na singularidade da obra fotográfica de Derek Charlwood, cientista e artista que, ao longo da sua vida, uniu duas paixões aparentemente distintas: a entomologia médica e a fotografia.
Charlwood dedicou décadas da sua carreira ao estudo da ecologia dos mosquitos transmissores de malária, viajando por aldeias e regiões remotas de África, América do Sul, Oceânia e Sudeste Asiático. Mas, além da ciência, o seu olhar captou também a essência humana dos lugares por onde passou. Munido de uma câmara fotográfica, transformou o seu trabalho de campo num registo sensível da vida quotidiana das pessoas que encontrou, revelando a beleza simples e inesperada que surge quando nos dispomos a observar.
Inspirado por poetas e filósofos, como Fernando Pessoa, Charlwood reflete sobre a natureza da beleza e a sua descoberta espontânea. “Se não a procurarmos, encontramo-la”, escreve, lembrando-nos que a beleza está nos olhos de quem vê. Esta perspetiva aproxima-se também da sabedoria zen: “A vida sem um propósito perde o seu sentido.” O seu propósito científico – compreender os insetos transmissores de doenças – deu-lhe acesso a uma dimensão mais ampla: a compreensão de que, independentemente da geografia ou da condição social, partilhamos todos a mesma humanidade.
“um só mundo” é, por isso, mais do que uma exposição de fotografia documental. É um testemunho humanista que ecoa a tradição de grandes mestres da fotografia do pós-guerra, como Sebastião Salgado. Nos rostos, nas expressões e nos gestos registados por Charlwood, encontramos não apenas o rigor de um cientista que documenta, mas sobretudo a empatia de alguém que reconhece, em cada indivíduo, a dignidade universal da condição humana.
No título da exposição ressoa uma convicção fundamental: somos, de facto, um só mundo. A ciência ensinou-lhe a interdependência das espécies e dos ecossistemas; a arte mostrou-lhe a universalidade das emoções e das relações humanas. Em conjunto, estas duas dimensões constroem uma narrativa poderosa sobre unidade, respeito e partilha.
Exhibition “just one world: photographs of Derek Charlwood” (26.09.2025 | 04.01.2026)
The exhibition “just one world” invites the public to immerse themselves in the uniqueness of the photographic work of Derek Charlwood, a scientist and artist who, throughout his life, combined two seemingly distinct passions: medical entomology and photography.
Charlwood devoted decades of his career to studying the ecology of malaria-transmitting mosquitoes, travelling to remote villages and regions in Africa, South America, Oceania and Southeast Asia. But beyond science, his gaze also captured the human essence of the places he visited. Armed with a camera, he transformed his fieldwork into a sensitive record of the daily lives of the people he encountered, revealing the simple and unexpected beauty that emerges when we take the time to observe.
Inspired by poets and philosophers such as Fernando Pessoa, Charlwood reflects on the nature of beauty and its spontaneous discovery. ‘If we don’t look for it, we find it,’ he writes, reminding us that beauty is in the eye of the beholder. This perspective is also close to Zen wisdom: ‘Life without purpose loses its meaning.’ His scientific purpose – to understand disease-carrying insects – gave him access to a broader dimension: the understanding that, regardless of geography or social status, we all share the same humanity.
“just one world” is, therefore, more than just an exhibition of documentary photography. It is a humanistic testimony that echoes the tradition of great post-war masters of photography, such as Sebastião Salgado. In the faces, expressions and gestures captured by Charlwood, we find not only the rigour of a documenting scientist, but above all the empathy of someone who recognises, in each individual, the universal dignity of the human condition.
The title of the exhibition echoes a fundamental conviction: we are, in fact, just one world. Science taught him the interdependence of species and ecosystems; art showed him the universality of emotions and human relationships. Together, these two dimensions construct a powerful narrative about unity, respect and sharing.




