Tratamentos de Conservação – Parte 1

Os tratamentos de conservação e restauro são realizados em vários contextos:

Campanha de limpeza e tratamentos das Galerias da Vida Rural

Sequência de imagens:
1. Grade AX198 já retirada do seu local de reserva para tratamento de conservação e restauro devido a uma fractura num dos seus elementos

2. Grade AX198 durante uma das fases do tratamento de conservação e restauro
3. Grade AX198 após tratamento de conservação e restauro

Campanha de tratamentos e suportes das Reservas Internacionais

Chapéu indonésio AV.739 antes e depois do tratamento de limpeza mecânica

Pormenor do suporte do objecto em cerâmica BC.085

Preparação de exposições ou reservas visitáveis

Pormenor da máscara Cokwe AP.072 antes, durante e depois do tratamento de conservação e restauro

Boneca Wauja AN.551 antes e depois do tratamento de conservação e restauro

Empréstimos

O MNE colabora frequentemente com outras instituições museológicas, nacionais e estrangeiras, emprestando objectos do seu acervo.Nestas situações o MNE segue um conjunto de regulamentos que têm como objectivo o controlo de condições de exposição e de circulação para garantir a ausência de factores de degradação capazes de afectar os objectos.Na maioria dos casos os empréstimos são acompanhados por um(a) courier que se encontra presente em todas as fases de cada processo: verificação do estado de conservação dos objectos, embalagem, transporte, desembalagem e instalação em exposição.Depois de instalada a exposição o MNE mantém-se em contacto com a entidade organizadora recebendo regularmente os resultados das monitorizações às condições de exposição.

Desde que entrou em funcionamento, o MNE colaborou com o empréstimo de objectos para 80 exposições. Destes empréstimos 51 foram para Portugal enquanto que 29 foram para o estrangeiro, sobretudo para países europeus. Fora da Europa foram realizados 3 empréstimos para os Estados Unidos da América, 2 para o Brasil, 1 para a Indonésia, 1 para Marrocos e 1 para o Japão.

Nos últimos cinco anos foram emprestados 175 objectos (representando 0,5% do acervo total) para 16 exposições, das quais 10 foram em Portugal e 6 no estrangeiro (Europa).

As estatísticas apresentadas relativamente aos últimos 5 anos não podem ser consideradas representativas da situação geral. Por exemplo, no empréstimo realizado para a exposição In the Presence of Spirits: African Art from the National Museum of Ethnology, Lisbon, que itinerou pelos Estados Unidos da América durante quase dois anos (de Setembro de 2000 a Janeiro de 2002) estiveram presentes 141 objectos do acervo do MNE constituindo estes a totalidade da exposição.

Como se pode verificar os pedidos de empréstimo, assim como as suas características e a quantidade de objectos solicitados, são muito variáveis em cada ano.

Campanha de limpeza das Galerias da Amazónia

Estamos a realizar uma campanha sistemática de limpeza nas Galerias da Amazónia.
Este tipo de campanhas insere-se no Plano de Conservação Preventiva nas acções de manutenção e gestão de colecções.

O procedimento é simples: são retirados todos os objectos do interior de uma vitrina, a vitrina é limpa, os objectos são verificados e após alguns dias os objectos são recolocados em reserva. Caso sejam necessários outros procedimentos de conservação os objectos serão tratados antes da sua recolocação em reserva.

Pormenor de uma vitrina onde se pode observar vestígios da actividade de insectos xilófagos detectados durante uma das monitorizações realizadas com base no programa de controlo integrado de infestações

Aspecto de uma das fases de limpeza do interior de uma vitrina onde se pode observar que trabalhar no Museu Nacional de Etnologia não é nenhum mar de rosas

Esta campanha de limpeza irá continuar nos próximos meses sendo por vezes realizada durante o período de visitas. Os visitantes que pretendam informações sobre os objectos que foram temporariamente retirados podem obtê-las no computador que se encontra disponível nas Galerias da Amazónia ou junto do/a técnico/a que acompanha a visita.

Montagem da exposição Desenhar para ver. O encontro de Bárbara Assis Pacheco com as Galerias da Amazónia

A ideia da exposição surge durante o projecto de Barbara Assis Pacheco no Museu Nacional de Etnologia. Esta ideia foi sendo trabalhada pela equipa do Museu e meses antes da inauguração começou a pintura das paredes da sala 4, a construção dos módulos e a adaptação dos vidros necessários à montagem de vitrinas. A instalação dos objectos e desenhos na sala já preparada decorreu de 11 a 16 de Agosto de 2009.
A equipa de montagem foi constituída por Alexandre Raposo, Cláudia Duarte, Joana Amaral, João André, Manuel Araújo, Paulo Maximino e coordenada por Joaquim Pais de Brito e Bárbara Assis Pacheco.Integram esta exposição 101 Desenhos, 8 dos quais foram doados ao Museu pela autora, e 21 objectos pertencentes às Galerias da Amazónia.

A montagem desta exposição compreendeu a utilização de dez módulos de aglomerado de madeira pintados com tinta sintética branca, que servem de base às vitrinas, de suporte a uma máscara de tukujẽ fêmea Wauja e de delimitação da área ocupada pela máscara cara de macaco Kamayurá que se encontra suspensa.

Para além das vitrinas de vidro com cantos de metal aplicados com silicone e aparafusados, e com base de MDF, foram utilizados dois conjuntos de pranchas acrílicas suspensas, para exposição de desenhos de menor dimensão, aí fixados com recurso a fita-cola de dupla face.

A localização e a forma de colocação dos objectos em exposição, a posição relativa dos módulos e vitrinas e as respectivas dimensões são sempre registadas numa planta. Esta planta faz parte do relatório elaborado sobre cada montagem de exposição onde também estão descritos todos os sistemas expositivos.

Tanto as aguarelas como os objectos que integram esta exposição foram colocados por diferentes métodos:

Desenhos
Pregadas à parede em dois pontos superiores com fio de nylon em tensão de um prego ao outro; fio de nylon na parte inferior do desenho, em tensão em dois pontos de fita-cola colados à parede.

Pregados a módulos em dois pontos superiores e inferiores com fio de nylon em tensão de um prego ao outro, bem como a aplicação pontual de fita-cola dupla no verso dos desenhos.

Pregados superiormente a telas pintadas com tinta sintética branca, com fecho de plástico pelo verso.

Suspensos em vitrinas por fios de nylon e molas de metal.

Colados com fita-cola dupla em pranchas de acrílico.

No módulo, entre vidros e apoiados em pequenos elementos de plástico colados ao vidro.

Objectos
Suspensos por fios de nylon.

Suspensos por fio de nylon e com suporte em acrílico.

Nas vitrinas com suporte em acrílico.

Nas vitrinas com suporte em vidro.

Nas vitrinas sobre a prateleira de vidro.

No módulo com suporte em madeira.

Na vitrina sobre módulo e cell-aire®.

Desta forma se consegue ter um registo exacto da exposição. Outra vantagem é que é possível fazer uma monitorização muito bem documentada dos objectos garantindo que os sistemas de exposição não são responsáveis por qualquer tipo de degradação.

Conservação Preventiva

A preocupação com a conservação preventiva teve início com o próprio Museu e esteve presente ainda durante a fase de planeamento do edifício. Foi então definido que as reservas seriam mantidas a 50% de humidade relativa e a 20ºC de temperatura através de um sistema de climatização. Outro factor ponderado foi, por exemplo, a tipologia de vitrinas e armários a utilizar para colocação dos objectos pois pretendia-se que as reservas fossem visitáveis e que permitissem trabalhos de investigação.

Actualmente os princípios de actuação estão definidos no Plano de Conservação Preventiva sendo revistos e actualizados periodicamente.

O Plano caracteriza o edifício, o acervo e os recursos do Museu incluindo as actividades que requerem o acesso ao acervo como sejam as exposições, empréstimos, ou as que implicam a circulação de bens culturais ou a presença do público junto das colecções.

O Plano de conservação preventiva inclui ainda uma análise de riscos e um conjunto de normas e procedimentos que adequam a actuação do Museu para cada caso específico.

Do conjunto de normas e procedimentos, para além das questões previstas no Plano de segurança, fazem parte as várias monitorizações, o controlo ambiental e biológico, a manutenção de equipamentos e de sistemas de exposição e reserva, a limpeza dos espaços e as várias acções relacionadas com a manutenção do acervo.

Destacando algumas das normas e procedimentos mais relevantes podemos referir que actualmente o Museu tem definidos valores desejáveis para a boa preservação do acervo que se situam nos 55% de humidade relativa (com variações de ±5% desde que ocorram num período superior a 24 horas) e nos 20ºC de temperatura (com variações de ±5ºC). Os valores de humidade relativa e temperatura são monitorizados praticamente desde que as colecções entraram no edifício.

Estão também definidos os níveis de incidência de radiações (luz visível e invisível) nos objectos.
Existe um plano de controlo integrado de infestações a funcionar desde 2002 que tem como objectivo impedir o acesso de insectos e roedores ao acervo do Museu. Nesse sentido, são distribuídas várias armadilhas no edifício, colocadas em locais definidos, para que a captura de insectos permita o conhecimento das espécies presentes, o seu número, estágio de crescimento e as suas rotas de deslocação preferenciais. Das várias acções previstas pelo plano de controlo integrado de infestações estão em prática:
· manutenção da área circundante, incluindo a limpeza cuidada e frequente do jardim exterior do Museu;
· manutenção do edifício, incluindo a limpeza cuidada e frequente de todas as áreas;
· monitorização regular e frequente do estado de conservação dos objectos em reserva e exposição com vista à identificação de situações de infestação;
· regras para novas incorporações ou para situações de circulação exterior de objectos que incluem a verificação do estado de conservação dos objectos e a colocação em quarentena quando necessário;
· desinfestação imediata de objectos com ataque biológico activo;
· proibição de objectos pessoais, incluindo roupa, malas e casacos nas áreas de reserva e exposição;
· proibição de comer e beber nas áreas de reserva ou exposição e
· sensibilização e participação de toda a equipa para o controlo integrado de infestações.

Relativamente às exposições é de referir que em todos os casos é feito um relatório de montagem e é assegurada uma monitorização.
Também nas áreas de reserva existem várias monitorizações e a presença de público e de investigadores externos encontra-se regulamentada.
Para garantir a boa manutenção do acervo são realizadas várias acções:
· estabelecimento de normas, procedimentos e outros documentos de apoio e avaliação;
· estabelecimento de prioridade de acção e critérios de actuação;
· campanhas sistemáticas de limpeza, tratamentos de conservação e melhoria das condições de reserva e
· monitorização de todas as áreas de reserva e exposição.

Todas as actividades da Área de Conservação e Restauro são avaliadas periodicamente para garantir a sua adequação e verificar se os resultados obtidos estão de acordo com os objectivos estabelecidos inicialmente.

Termohigrógrafo colocado nas reservas visitáveis Galerias da Amazónia.

Pormenor do cesto timorense AZ.853 antes e depois da colocação de um suporte em espuma de polietileno.